Testemunhos

Tássia, missionária de aliança Boa Nova.

     Eu me chamo Tássia Waleska, tenho 22 anos e venho contar um pouco do meu testemunho de vida para engrandecer o Nome de Quem me salvou e me restaurou por graça e de graça, não por meu merecimento, mas porque me ama. Costumo falar que o pecado na minha vida entrou através dos relacionamentos não permitidos pelo Pai.
      Ainda no colegial, fui pedida em namoro por um rapaz que se dizia católico por me vê cantar os salmos das missas realizadas no colégio em que estudávamos. Depois de um tempo de namoro, esse rapaz revelou que seguia a doutrina espírita pelos costumes familiares, fiquei triste e inquieta, pois já estava apaixonada e ele não era o que eu sonhara... Eu rezava para que houvesse conversão, mas de alguma forma sentia que precisava dar um fim. Terminei acompanhando esse rapaz nas reuniões espíritas. Fiquei depressiva, com medo das coisas que ouvia, adquiri o que os psicólogos chamam de “mania de perseguição”; até que minha tia e madrinha de crisma Leide, levou-me para a comunidade Boa Nova e em um aconselhamento e oração, o fundador Hamilton olhou em meus olhos e disse: não há espíritos, filha.
      Ainda apaixonada por esse rapaz, decidi com ele, que não precisávamos acompanhar um ao outro em nossas religiões, mas que continuaríamos namorando. Assim fizemos, porém, surgiu outro grande problema, o namoro já era longo e esse rapaz me pedia para que eu “me entregasse” a ele; em uma das nossas discussões disse que não me sentia preparada e talvez se ele me acompanhasse a um evento católico, ele entenderia. Foi aí que ele terminou o namoro.
     Fiquei profundamente angustiada, pedi pra voltar, mas a condição posta por ele eu não podia aceitar. Depreciei-me novamente, parei de estudar e sem comer cheguei a pesar 31 kg.
Minha mãe recebeu uma proposta para trabalhar no estado do Mato Grosso, e no desespero nós duas formos. Eu sentia raiva de Deus, blasfemava, porque tudo aconteceu por causa da religião. O tempo foi passando e lá eu conheci um rapaz que me pediu em namoro, aceitei! Ele era meu amigo e por isso eu tinha contado tudo sobre o meu passado.
    O tempo do nosso namoro foi se alongando e ele não me pedia para eu me entregar a ele, comecei a desconfiar de que ele não gostava de mim. Além disso, queria “me tornar mulher” pra maltratar ao meu ex, mostrando que minha decisão não era por religião e sim, por questão de preparo. Fui forçando a barra, até que um dia, eu me deixei ser mulher dele.
Escondi da minha mãe, dos meus familiares, não me sentia bem, não tinha sido bom, mas depois de um tempo já era algo natural.
    Voltamos para Pernambuco, ele logo em seguida fez o mesmo, noivamos; mas a minha família não aceitava o nosso relacionamento. Era um namoro muito difícil, por si só foi se desgastando e chegou ao fim, sem entendermos qual o sentimento que sobrara. Eu fiquei uma mulher sem rumo; nada me fazia feliz, e eu me sentia inferior a todos. Passaram-se meses, rezava pedindo ajuda em meio à vergonha e a angustia da culpa dos meus pecados. Eu quis pecar, não foi culpa dos meus familiares, nem tão pouco da minha mãe, eu quis, mesmo sabendo que estava errada!
     Reencontrei um amigo de infância. Eu era apaixonada por ele quando criança, mas não havia revelado por ser muito nova. Nesse reencontro nós ficamos juntos algumas vezes, mas eu queria ser a namorada. Forcei, forcei, até que um dia ele me pediu em namoro de uma forma nada romântica. Eu já estava ‘acabada’ e nem imaginava o que me aguardava se continuasse com essa forma de ‘amor’. Esse relacionamento arruinou tudo o que sobrou de mais belo em mim.
      Nada que eu fazia o agradava, esse rapaz vivia sempre mal-humorado, lia e seguia histórias sombrias; não gostava dos meus cabelos, pediu pra mudar a cor, o tamanho, não gostava dos meus familiares e fazia questão de deixar isso claro para mim; não se agradava do que eu mais amo em mim, o dom da voz que Deus me deu, ensinava-me um jeito diferente de cantar, o que cantar, ele me dominava. (Até hoje não entendo porque com os outros namorados discutia, brigava e com ele tinha medo, eu sentia meu corpo tremer de medo, eu chorava o tempo todo), chamava-me de infantil, ridícula, egoísta e tantos outros adjetivos infelizes.
     Eu continuava a ser religiosa, mas seguia o terceiro caminho que a sociedade posta e que na verdade não existe; mesmo assim, em meio às horas eu dizia no meu intimo que estava com saudade do Senhor, mas me sentia preza por uma paixão e fazia dele o centro da minha vida.
Ele já tinha feito de tudo, humilhava-me, maltratava-me, falava mal dos meus, proibia-me de sair com os meus amigos, havia levantado a mão para me bater e nada disso foi suficiente para que eu tomasse uma atitude.
      Depois de um passeio que fizemos e que fui tratada mal, recordo-me que ao chegar à minha residência, pedi a Deus com todas as minhas forças que fizesse algo para que eu terminasse esse namoro. No outro dia, uma colega da empresa que trabalhávamos disse que todos a minha volta sabiam que ele me traia. Quis mudar meus trejeitos, começar a beber, a fumar, fazer tatuagens, ficar da forma que satisfazia a ele; mas por um instante tudo clareou, percebi que Deus me escutou, Deus sabia que eu não aceitaria traição.
Terminamos.  Cheguei ao fundo do poço! Com 21 anos de idade me sentia um nada, dessa vez a diferença é que vi com clareza Deus agir a favor de mim, mesmo sem merecer.
     Resolvi colocar a vergonha de baixo de todos os meus inúmeros pecados e fui à procura do meu primeiro amor, fui à comunidade Boa Nova me aconselhar e pedir ajuda aos meus amigos. Foi muito difícil, não vou mentir, pensei em desistir, mas com muita oração, escutando diariamente a palavra, estando com pessoas que me amam eu consegui e hoje agradeço pelo término desse relacionamento, porque foi a melhor coisa que me aconteceu.
       Pedi perdão aos meus familiares, me consagrei a essa comunidade que me ajudou a voltar à intimidade com Deus. Através da minha fé renovada, e da certeza do gigante amor que o Pai tem por mim eu cheguei a uma conversão belíssima; confessei-me e escutei que tudo era novo de novo, que a minha pureza estava no meu pensar,  era só não tornar a pecar, e por isso sigo nessa certeza, lutando! Deixando Deus ser Deus na minha vida e colocando os meus dons e talentos para os projetos desse Deus que nunca desistiu de mim.      





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R. Júnior, 23 anos, Missionário da Comunidade Boa Nova e seminarista.



“TODO O MEU TEMPO, TODA A MINHA VIDA PARA DEUS”



Nasci em uma família católica, desde pequeno frequentava a igreja, mas claro, de forma muito superficial. Assim que comecei a fazer o catecismo não me desliguei mais da igreja, foi assim que acabei entrando no grupo de coroinhas e logo depois na Renovação Carismática. Por volta dos meus 12/13 anos, quando estava começando a participar da RCC do meu bairro, fiquei sabendo que 04 jovens do grupo de oração estavam indo para uma tal de ‘comunidade’ (Steferson, Lia, Daniel e Lúcia), e a única informação que conseguia absorver dos comentários que ouvia deles era que nesse lugar eles passariam o tempo todo servindo a Deus. A única coisa que eu sei é que essa ‘mensagem’ não saiu mais da minha cabeça e caiu bem no meu coração; a ideia de que eu poderia passar todo o meu tempo, toda a minha vida para Deus começava a me consumir. Lembro-me que um dia disse a minha mãe que um dia iria para essa ‘comunidade’ em Recife/PE (não tinha nem ideia de onde ficava esse lugar), claro que de imediato veio uma reprovação da parte dela, ora, uma criança de 12 anos dizendo a própria mãe que iria deixar tudo para viver em comunidade? Mas Deus, que tudo sabe, já guardava um lugarzinho para mim lá.
Continuei com minha vida normal, participava do grupo de oração, tinha minha turma de amigos, me dedicava muito aos estudos, e mesmo no auge da minha juventude, ‘aquele’ desejo não saía do meu coração. Era um jovem normal, adorava me divertir, sair com os amigos para passear, final de semana em praia, lanchar fora, e mesmo em meio a tantas atrações que o mundo oferecia a minha maior alegria, e de meus amigos também, era participar de encontros, congressos, retiros para juventude e demais coisas do gênero.
Nossa! Lembro-me que quando terminavam os encontro, eu e meus amigos já saíamos de lá com saudades e comentando quando seria o próximo. Aqueles encontros e retiros ungidos saciavam a minha alma; parecia que eu não precisava de mais nada!
Aos 14 anos de idade fiz meu primeiro vocacional na Comunidade Boa Nova, em Recife/PE, o pregador foi o Pe. Donizete e esse foi o encontro da minha vida. Nunca vi ninguém falar tão bem da santidade, foi um final de semana maravilhoso, super abençoado, daquele encontro saí com uma certeza dentro de mim, sei que seria muito difícil, muito mesmo, mas um dia eu iria conseguir ser santo, eu ia poder dar orgulho ao meu Pai, nem que fosse no último dia da minha vida, mas um dia eu iria conseguir, e claro, ainda estou nessa grande luta (risos). Aquele encontro tinha sido maravilhoso, mas ao sair dali uma inquietude surgira no meu interior: eu não tinha gostado da Comunidade Boa Nova, e não sabia o motivo, pois tudo tinha sido perfeito, o retiro fantástico, a acolhida maravilhosa, mas não conseguia entender o porquê daquele sentimento, mas preferi deixar que o tempo me respondesse, lembro-me que comecei a pensar que eu era de outro lugar, de outra comunidade, mas resolvi descansar em Deus e ver para que caminhos Ele me levaria.
Dois anos depois a Comunidade Boa Nova chega a minha cidade para abrir uma casa de missão, em Mossoró/RN. No começo era tudo muito normal, ajudava nas necessidades, passava lá sempre que tinha tempo, mas sempre algo muito superficial, sem compromisso, tanto que a maioria das pessoas achavam que todos os meus amigos ficariam na comunidade, menos eu. Com o tempo fui me apaixonando pelo carisma da comunidade e me identificando com ele, tanto que o tempo mostrou que as coisas de Deus não são dá forma como julgamos ou entendemos.
De todos os meus amigos fui o único que ingressou na comunidade, e essa é outra curiosidade no álbum da minha vida, pois fui o único membro até hoje que ‘quebrei’ um pouco das regras da comunidade em relação a idade (risos); naquela época só poderia fazer o vocacionado quem tivesse no mínimo 15 anos, eu tinha 14, outra foi a minha entrada na comunidade, a idade mínima para entrar na comunidade de vida era 18 anos, com a autorização dos meus pais, em 2005, entrei com 17 anos. Essa notícia foi um abalo na vizinhança, eu só tinha 17 anos, era muito jovem, menor de idade, minha mãe era muito protetora, como ela poderia permitir, eu ainda não sabia o que queria da vida, etc... mas Deus me fez chegar até aqui, ciente que estou fazendo a vontade Dele em minha vida, mesmo com 17 anos estava disposto a mover meus pés, por isso pedi a Deus para guiar meus passos.
No decorrer da minha vida na comunidade, enfrentei dificuldades, mas também venci muitas barreiras, com diz Elenir (Missionária da Comunidade Boa Nova), a vida comunitária ensina o que nenhuma faculdade ensina, e certos ensinamentos que aprendi na comunidade levarei para o resto da minha vida. Em 2008 fui transferido para abrir uma missão da comunidade em Mauriti/CE. Os medos eram muitos, a distancia de Recife era enorme, era um interior do Ceará, e o novo sempre nos traz surpresas, mas esse novo na minha vida foi um grande presente de Deus para mim, aquela missão marcou a minha vida, lá tive a certeza de que em qualquer lugar do mundo, o mais distante, o mais esquecido, lá teria alguém precisando do carisma Boa Nova, e era minha missão chegar aos “confins da terra” para anunciar Jesus com um jeito Boa Nova de ser. Também em Mauriti Deus manifestou um outro grande desejo em mim, o da vida sacerdotal, pois posso afirmar que foi na missão que esse desejo desabrochou em mim, fundamentado em uma frase do Beato João Paulo II sobre o que é ser padre: “É ser um homem pelos outros”, e com esse desejo de poder me doar cada vez mais e inteiramente aos outros, é que em 2008 votei para Mossoró/RN para ingressar no Seminário Santa Teresinha, na Diocese de Mossoró, graças ao Bispo Dom Mariano Manzana que abriu as portas da diocese e do seminário para acolher um Missionário da Comunidade Boa Nova.
Posso afirmar uma coisa, mesmo jovem, servi ao Senhor com alegria, e faço isso até hoje. Sou um jovem feliz, realizado e completo, agora eu já sei quem sou e porque estou aqui, “sou um filho amado feito para amar”, sou mais feliz porque entreguei minha vida a Deus, e essa foi a melhor decisão que já tomei e não me arrependo um único instante por ter dado todo o meu tempo e toda a minha vida para Deus” .